segunda-feira, 3 de abril de 2023

Fractais

 Minha voz presa na garganta,

meu discurso escondido embaixo da minha língua.

As palavras mais lindas presas no meu peito

e o receio de que nunca saibam quem eu realmente sou...

Não por medo de não ser conhecido, mas pela sede daquilo que revela minha essência.

Essa verdade que paira sobre a tempestade me incomoda. 

Ter que esperar toda chuva cair 

e ainda saber que nao cai sobre todos os cantos igual.

Eu queria que todos tivessem a oportunidade de enxergar de canto de olho

aquela resposta a todos os problemas 

e entendessem por um instante que tudo tem um motivo e se encaixa perfeitamente

e que aquilo que sinto nao é apenas uma romantização da realidade.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

O medo de ter medo

A brisa leve de fim de tarde

O espelho que mostra todos os angulos

O livro escrito com sangue daquele que ainda nao nasceu

nao apaga a beleza que respiro a todo instante

os sorrisos por extenso

os abracos por video chamada tingem minha camiseta de amarelo

eu dentro do sonho 

eu dentro da tv

e a vida segue o roteiro prescrito

e eu entrego meus alelos e sigo 

significado

contente inerte no solo. 

domingo, 1 de maio de 2022

O dia

 Rezo pelo dia

em que errante eu corrija

as linhas tortas dessa vida.


Rezo pelo deslize obvio que me conserte.

Rezo pelo verso calado que me escuta

e sussura a resposta ao meu ouvido

ou quando esse verso invisível perante outros olhos me acena.


Talvez eu seja o erro

mas como todo erro, 

busco inspiração no correto.


Que eu mostre pelas sombras que existe a luz,

que conduz a um caminho mais belo

onde as pedras são apetrechos de adorno

e o outono sopre seus ventos com cheiro de primavera.


Que suas lágrimas sejam água doce, 

nascente de uma esperança inigualável,

absurdamente real.




sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

 Strangers in the night 

Trying  to avoid  the light 

Wanting to find value and a sample of life.

Death do us part, but we enjoy the moment

No worries with tomorrow or yesterday

Just trying to be Alive now


quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

 pequenas mentiras


para mim, soam bem.

Pequenos desejos de um futuro bom.

Pequenos amanheceres ensolarados

e eu envolto em mil camadas

feliz por respirar

o ar que soprei no meu barquinho a beira-mar.


Pequenas esperanças de fim de ano.

Pequenos desejos de fazer amanhã o que poderia hoje.

Grande desejo de colher o que não plantei

colher um fruto doce

mesmo tendo a primavera já passado.


Sorrio pra minha imagem nas águas calmas do lago.

caminho sem destino mesmo querendo chegar a algum lugar.

caminhando e saboreando a canção.

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Seu beijo pálido me gela a alma,

sinto que minha vida aos poucos se acaba.

No escuro gelado seu hálito sussurra

me atravessam dúvidas

que sangram gota a gota.


O riso no canto da boca 

estampado na parede, no quadro, 

meu rosto roto não consigo encarar

e todas as respostas contam a mesma verdade de formas diferentes,

são faces do mesmo dado

que eu jogo e comparo 

e aparo as arestas desta realidade


domingo, 4 de julho de 2021

 E o poeta tropeça em nuvens

e repousa em um sofá de algodão.

E todas as preocupações já não existem mais...


Pedaços de seus poemas decoram o ambiente

ou o que ele via era profecia de seu futuro?


Ao levantar-se no jardim

entende toda a verdade:

A morada anterior era apenas amostra do que estava ao seu alcance,

a obra agora está completa.

Milhares de sinfonias em harmonia o recebem

e todas as metáforas são reais.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

 de sobressalto

sou assaltado no semáforo

e aqueles que amo estão distantes demais…


ouço o som  alucinógeno das conchas

que carrego como lembrança no porta-luvas, de anos passados.


Carrego minhas fichas na fila do jogo

aposto nas cenas das cidades

que remontam ao que era antes, porém de forma mais nostálgica.


A vida se foi.

Poucos ficaram,

resta o movimento monótono.

É o som das ondas que se foram 

e deixaram marcas nas rochas 

que o vento ainda esculpe.


quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Sem paixões para admitir,
sem novidades para anunciar,
sem vontade para seguir.

A vida se desdobra como um musgo
crescendo verde sobre o muro,
separando tudo
da pequena imagem que tenho do mundo.

O vento sopra e toma forma,
Irreconhecível ser se levanta
e sai pregando peças aos desavisados,
moldando devagar as consciências
de quem negava sua existência.
Carrega a todos para um lugar desconhecido.

Assisto de longe
esperando que o vento seja de novo
o sopro da natureza.
Que não nos trate como seus filhos
e cada um siga com seus pés
seu próprio caminho.

terça-feira, 14 de abril de 2020

Máscara

Minha face abaixo da máscara
escondo.
Não sei mais quem sou.
Logo acho que minha face é essa arte esculpida de forma industrial.

Passei anos me escondendo de mim,
tentando disfarçar a ferida latente.
Mas os verdadeiros olhos são os da alma.

Não tem matéria que esconda
o verdadeiro desejo que não cala.


quarta-feira, 31 de julho de 2019

Busquei a fuga
sabendo que a sombra se enconde atrás de mim.

Me alegrei na sua forma inconstante
a todo instante buscando seu novo espaço.

Vi pela película do tempo transparente
a face reluzente de um dia claro
e cheio de possibilidades
que contemplo.

Me vejo em outras vidas
me vendo na poesia
vivo meus dias.

11/02/2019

segunda-feira, 20 de março de 2017

Adereço

Novos tempos se anunciam,
velados
no gelo oculto da palavra calada.

Me abraça teu paraíso
de acenos.

Me perguntam se é tempo
de dizer sem nexo.

Digo que essa fonte nunca seca,

que embora encerrem a natureza
internamente ela se manifesta
e o olho atento enxerga sua deixa.

E as palavras são adereços
para adornar o mistério contido na beleza da vida.

sábado, 7 de junho de 2014

A distância e o tempo
separam o que é real
do que não deve ser.
E o ato desata
a cadeia do improvável
E gasta a sola do sapato
e rola a pedra de Sísifo.

Qualquer ruído é mero reflexo
do medo ou imagem distorcida
de um espelho circence
que diz verdades atrás de nuvens de fumaça.

Eco

Meu grito sem som
se espalha pelo eco
oculto
incendiando os corpos
num movimento silencioso de inércia.

Apago a luz e vejo que se acende a ideia.

Alguém carrega uma vela no fim do túnel e já é tarde,
embora o cheiro da chama
possa repentinamente se apagar
com a mão invisível
daquilo que nos mantém vivos.


Me responda as perguntas que não fiz
me explique a gota que desperta o interesse
me chama pra dança
e esconde a cor do seu guarda-chuva
pra eu não saber do tempo...

Quero ver sua presença
se disfarçando de ausente
pra fazer você girar leve
e impedir que a minha distração se despeça.



O Sentido da Escuridão

O Sentido da escuridão
É o mesmo de chorar na chuva
O mesmo da bebida em excesso
nada me impede a expressão mais sincera.

Nenhuma força me afasta da minha verdade real
não espero nenhum julgamento
apenas expresso o que sinto
sem esperar que seja algo inteligível
qual som propagado em meio sem ar.

A minha língua são meus sonhos no presente
que me servirão de alento no futuro.

Minerador da Palavra

Onde a Pedra perde o valor,
busco a Alma.

Quando a Palavra
o cheiro da vida não mais exala,
busco o Sentido.
E me entorpeço de agoras,
múltiplos,
em sequência.
E  escrevo no livro
com tinta branca,
e mesmo sozinho sinto a dor dos personagens
que se fossem vivos
não seriam parte de nenhum enredo.


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Vela

Muda a direção do vento,
desregula as estações do ano,
desvia o curso dos rios,
toca o impalpável,
acende a escuridão,
Alivia a dor.
Mas não consegue dizer a palavra
que acaricia ao coração e ao ouvido
e quando diz
apaga a luz por que já é tarde
e é preciso reduzir tudo
ao pequeno espaço da realidade
e devolver  o sonho
à esfera da eternidade.


quinta-feira, 9 de maio de 2013

Expectativas

Me agarro a expectativas
infundadas.

Me perco na esperança
já derrotada.

Acendo o  brilho dos olhos durante um segundo inteiro
e apago em seguida,
ao perceber o apego
de meus pés ao solo.

Brinco de ser criança nos campos da imaginação,
meu refúgio é proibido.
Não para mim,
que vivo e vejo o sonho real.



quarta-feira, 1 de maio de 2013

As  vezes  o sono é a melhor resposta
pra pergunta que não sara.
Pra ferida que não cala.
Na ilha de mim quero me isolar.
Na nuance mais negra da noite
quero ouvir o silêncio.

Na esquina, os bêbados brigam.
Quero ver o brilho mais tímido da razão.

 Me perco na impessoalidade
de minha pessoa.

Vejo símbolos em formas e gestos,
entalho uma escultura da pedra disforme.

Observo paredes brancas,
reflexo do ser incompleto e incomunicável.

No abismo da abundância de significados
me afogo.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Eu,

Eu,
Espectador do Espectro,
Criador de antíteses,
combino símbolos e frases
em uma ordem desordenada.

Vejo as cores no som do olfato
do sentido que me vem.

Encarcero e liberto sentimentos e momentos
a sangue frio,
gota a gota.
Crio situações que ainda não vivo
e depois julgo profecias.
E me vejo escrevendo minha própria história com suor,
sangue e risos,
sem saber.


plasma

Vejo o evaporar dos dias.
Me sinto sonolento nas noites quentes.
Prevejo o inverno extremo.

Olho mais longe e vejo a solidão de tudo aquilo que existe
na escuridão não revelada,
ardendo para atingir a face visível da lua.

Se a Solidão existe,
não estou sozinho.
Há várias solidões espalhadas pelo cosmos.
E nossa solitude nos torna solidários.
E já não estou mais sozinho.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Asa

Invernos de verão,
verões de inverno.

Vejo a palavra certa na boca
errada.
Vejo a boca certa
sem nexo.
Desvario no variar constante das horas,
desço a colina rumo aos vales.

Contra todas as regras
rasgo o cenário da vida
antes que as areias se tornem pedras.
E voo livre
de volta pra casa.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Se

Se eu não tivesse sido quem sou
seria biólogo,
escritor,
estaria casado,
seria um corredor de sucesso,
moraria em Campinas em casa financiada.

Não teria pressa,
falaria inglês,
francês e italiano.
Teria sido peregrino por pelo menos uma semana.

Seria fiel em corpo e alma,
seria religioso,
seria completo mesmo sem ambição,
escreveria linhas mais compridas,
teria  a música viva na vida
como uma cicatriz no rosto.

Comeria uva todo dia,
andaria mais de bicicleta (sem as mãos),
teria aquela solidão de fim de noite gostosa...
...e apesar das reticências saberia que tudo isto valeu a pena!



Tema

A paródia me fez lembrar a letra.
E achei que a melodia caiu como uma luva...

Estampada num outro rosto da cidade
segue o símbolo da memória
que desejo como o que produz essa imagem
mesmo na escuridão.


Emergência

Faz-se urgente
a busca por um tempo novo
onde a culpa não tenha lugar

E seja mais fácil respirar
nessa quase atmosfera do tempo
que espera sedento
para consumir.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Desentitulada

Dezessete primaveras.
Foi o tempo que eu levei
Para descobrir que sou tolo
E para amadurecer
Os meus versos.

Você demorou dezessete primaveras
Para estar aqui,
Eu dezessete outonos...
Sempre próximos
Nunca juntos.

Meu sonho transita entre o mundo dos vivos e dos mortos,
mas a esperança ainda é viva.

Já nem sei por qual nome te chamar.
posso deduzir que seu nome seja divino.
posso me arrepender
e dizer que qualquer nome
a você não caberia.

Minha poesia será desentitulada,
pois não há mais o que dizer.
As palavras são tão poucas
e você  etérea.

Tudo o que disse ou dissesse seria pouco.
Você sempre será muito para mim.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Morte e poesia

Não deixe a poesia morrer,
Não viva de intervalos.
Viva constantemente
e nao se esqueça de acender e apagar a luz
do quarto na hora certa.
Não se deixe estar
e nao se deixe levar.
A perfeição não segue formas,
mas se renova a cada intante.
E é inconstante.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Binário

É a teoria da vida
É um astrônomo no fim de seu trabalho
Rezando para encontrar
Uma resposta plausível.
O planeta está em perigo
E só esta idéia
Pode salvar as espécies
De seu inevitável fim.
Mas de repente,
No fim do caminho
Se depara com o impossível,
Que um seria zero
E vice-versa.
Era a única esperança
Não podia ser impossível!

Fé no caminho, homem!
Prefira a solução absurda
A se entregar ao próprio fim.

O homem aceitou essa idéia,
Tudo deu certo,
Mas guardou a sete chaves
O segredo
De que zero
Era igual a um.


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Beleza




Que belo sorriso amarelo
Que lindo céu nublado.
Que bela é uma senhora
de cabelos brancos
cuja beleza foi roubada.

Que belo é o ladrão
em seu modo de trapacear,
tirando dos ricos a riqueza
e dos pobres o que não têm.

Que bela é a lagartixa,
pois nunca perde a cauda
e também a tartaruga em seu casco.

Que belo é o meu sofrimento.
E se a natureza assim permitir,

Sofrerei para sempre.

sábado, 9 de abril de 2011

Barreiras






 

 







E você vê o céu
e não vê nada a não ser as nuvens,
sem paredes,
sem nações,
sem amor por que sem fim,
sem ódio apenas paz
sem conhecimento
com o saber
eterno
intransponível.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

                                    Azul


Azuis seguem os rios
Que no sul desaguam.
Sem saber que um dia morrerão,
continuam a derramar suas águas.

As lágrimas correm alegres
Nos rostos derrotados
Pela tristeza,
Que sem motivo toma da vida sua beleza.

O sangue só não é azul,
Porque não se deve permitir
Que vidas continuem a se esvair.

O azul é inocente,
É conivente com a ordem
que rege o céu e o universo.

É a quebra de simetria nesses versos.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Avesso
















 





Hoje acordei pelo avesso.
Vejo o passado e
revejo o futuro.

Esse ponto de vista me é tão claro:
_ As pessoas seguem em ordem de retrocesso.

É triste perceber
que sigo por essa trilha,
na guerrilha contra minha família.

Daqui vejo tudo passando
como um filme rebobinando.

Agora eu estou fora,
parece tudo tão belo.
As pessoas voltando para trás,
os mortos desmorrendo
os vivos rejuvenescendo.
os pobres deixando de esmolar,
Adão e Eva voltando ao paraíso.

sábado, 2 de abril de 2011

Ausência poética




















A poesia me adormeceu
em seus braços
é claro que eu adormeci!
Sendo ninado por canções tão belas,
embalado pelo calor
de um corpo tão suavemente ritmado.
Isso tudo muito me lembra mamãe
quando ainda existia.

Me recordo também
de quando acordei,
(aliás,
eu sonho tanto que tenho medo)
não havia poesia,
não havia poesia,
então não havia prosa ou enredos.
Não havia o que se falar,
nem sons,
nem visões
de qualquer tempo
que acontecesse pelo menos
na mente de um ser humano.
Quando imaginamos a ausência
Visualizamos seu vestido negro
Seu véu solapando uma beleza negra.
Mas nem a ausência estava.
Só eu que agora não tinha razão.
Então voltei a adormecer.

Para ver se acordava desse sonho,
Que apesar de nada
Continuava a me assustar muito.

terça-feira, 22 de março de 2011

A Última Gota



É a última gota.
Não posso beber
Nem desistir de preservá-la.
É preciosa, não deixe cair!
É a última esperança de vida.

Eram muitas,
Agora é só uma.
Cristalina,
Pura e alva,
Como nada há igual.

É a última centelha de luz no universo,
A última lágrima a cair.
Todos assistem à queda da última gota:
_ Tanto o último peixe em seu suspiro final,
Quanto o pássaro em seu triste vôo.

O homem é o único
Que não se faz presente
A esse solene acontecimento.
Neste momento
Ele lança sem saber, pela última vez

A última gota d’água.

domingo, 20 de março de 2011

A Tempestade



Depois da última tempestade,
é a primeira vez que venho aqui.

Galhos por todos os cantos,
o céu insinua outro castigo iminente
ou anuncia uma era de meditação,
está nublado.

O céu e a terra em sinergia,
as coisas subvertem sua ordem natural.

O verso não cabe no poema
a caneta não quer escrever
está nublado o tempo.

Não há tempo para recolher os escombros
e a impiedade assombra
está nublado o dia.

Nenhum carro ameaça cruzar a avenida
nem a empregada vai às compras,
está nublado o planeta
e é certo que a qualquer momento
vai chover nas selvas
da infinitésima parte
do universo.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Artimanha


Todo mundo veio
para o enterro da esperança.
Todos tristes,
melancólicos,
bucólicos.

Quando tudo parecia perdido
apareceu alguém
que cruzou a porta.

Todos pasmaram com o que viram.
Era impossível!
A esperança estava morta
ou se dispunha em cores
à nossa frente?
O que seria capaz
de explicar aquela semelhança?

No caixão jazia a esperança,
às nossas costas,
disposta a sorrir para todos
estava a ilusão
de que tudo estava
e estaria bem
que acabaria bem.
Eu estava atrás dela.
Reparei que a sombra
dessa senhora
eram meus sonhos.

Meus joelhos não suportaram
Curvaram-se por terra.

Como poderia eu imaginar
que meus sonhos
fossem a sombra da ilusão
que eu não sabia o nome,
mas que sem ela não viveria?

Ela era bela e sorria.
Eu via a minha infância e fantasia,
eu já sabia.
Só não sei por que
me assustei tanto com o que já conhecia.

Todos os dias ela vinha em meu quarto.
Me contava aos poucos
todas as mentiras
que o mundo dizia verdade.
Aos poucos fui aprendendo tudo aquilo
e usando para pôr pedras no caminho
daqueles que olhavam em volta
e não à frente.

Hoje ela não vem mais,
eu já aprendi tudo.

Aprendi as artimanhas
mas perdi o meu jeito de ser.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Arcaísmos




Uma noite tão nostálgica
Porém,
Logo tão bela.
Isso tudo me lembra vários dias
em que se vê
atrás de uma tristeza
uma alegria.
É como ir ao chão
e sentir o cheiro da terra.
Como estar na rua
e não temer a chuva.
É reconhecer num céu nublado
a sua beleza.
É gostar do que é arcaico,
de um romance.
Relembrar a infância
e até querer um beijo doce e cálido,
é amar de verdade a vida,
as pessoas
e o mundo,
perceber que o amor está em tudo
é a razão de tudo.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Ápice



Uma foto me disse que era mero reflexo,
mera junção de cores na sequência que te representa
e eu não conseguia acreditar...
você apenas isso,
tão simples descrição?

Não!
Prefiro acreditar na minha definição própria,
mesmo que errônea,
mesmo que poética,
ainda que passageira
como eu.

Prefiro acreditar na memória
de você sorrindo um sorriso insolúvel:
você sorri e eu admiro,
tentando adivinhar qual é o ápice da beleza
ou se ele já existiu.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A Pedra




Tinha uma pedra no meu caminho,
eu atravessei.
Era tão insignificante o fato
que ignorei.
Eu costumava olhar para trás
e acabei encontrando o presente.
De modo inexplicável
a pedra me perseguia.
Ela parecia um monstro
como os dos filmes de terror
tinha a magia e o segredo,
queria que eu também fosse pedra
para poder compreendê-la por dentro.
Eu não queria,
Só desejava ser eu.
Então, por não compreendê-la
ela queria me devorar.
Iniciei desesperada carreira,
fugindo do passado
para tentar agarrar o futuro,
mesmo que ele fosse pior
que a inesperada tragédia.

No meu caminho tinha uma pedra,
isso era um tormento.
Eu já acordei do pesadelo
mas sei que ainda existe
uma pedra em meu caminho.
Por mais que haja flores ao seu lado,
e que a pedra seja imóvel
não vai deixar de existir.

Eu sempre vou me lembrar
quando olhar no espelho e ver
que em minha cabeça há uma cicatriz.
A pedra que me feriu
agora está em mim.
Ela só vai deixar de existir
no dia em que eu partir
da estação dessa vida
para um destino sem fim.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Anti-Antes



O pão e a pedra nas mãos
e uma só escolha:
_ atirar ou comer em silêncio.

Logo como a pedra e atiro o pão.
Longe da heresia
meu santo ato redime meu dia.

Sacrifício de alma
ou o prazer contínuo
da inércia, existente antes do homem
que devora cada canto de espaço vazio?

Nem a maior das estrelas se livra
da magnitude do não ser que devora
e engole o rastro da história
de si
e cai dentro do si mesmo.

Mostrando que qualquer esforço
morre dentro de si,
se não é maior que a vontade
que as coisas possuem de persistir naturalmente.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

A Missão




Todo poeta é um vampiro
que veio das profundezas do ventre
de alguém que esperava conceber
um satélite,
não uma estrela.

Vampiro esse que em toda meia-noite
se levanta com tristeza no olhar
e uma extrema vontade
de sugar o que não vê em quantidade, a realidade.

O problema é que esse vampiro
morre.
Mas se torna eterno.

É tão belo esse acontecer
que a cada amanhecer se renova.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Alucinação




Estou cheio desse mundo
estou cheio de mim mesmo.
Estou cheio do progresso
que por qualquer pretexto
não chega a mim mesmo.

Hoje acordei logo cedo
com certo medo e sedento...
Não de justiça,
nem de fome,
mas desse Eu mesmo que às vezes some.
Já tenho receio de em algum tempo
gritar por medo de não ser eu mesmo
chorar pelo que fiz e me punir.
Meu filho, eu sou seu pai?
Posso eu ter sido outro Eu em certo tempo?
Tenho controle de mim mesmo?
Por que me questionou tanto?
Estou fora de mim, fora do mundo.
Tento me prender, mas não há corrente
é uma torrente de pensamentos,
mil momentos esquecidos.
Projetos inacabados.
Tempo perdido.

Estou fora de mim.
Longe de mim mesmo
Esqueça o que eu digo
Estou alucinado.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Alguém ou você




Existe uma certa luxúria
Há alguém que triunfa
Há uma justiça injusta,
Há alguém que luta sem armas
Alguém que apesar de morto
Nunca morre,
Sofre,
Ninguém o socorre
Há alguém que se comove
Mas nunca se move.
Há uma esperança que nunca morre.

Por mais que se demore
Descobre-se
Que esse ele sou eu.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Clocks



You try to run back
but you see no trace of faces
your past has gone

You try to flee
but you only see pages
written in red
and you dont know what is this feeling
good or bad.

An alive poem changes
time after time
every look is not the same.

But I see a spark of light at the other side of this tunel
hiding the truth
that I try to deny
the past has gone
and me either.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A espada e o pão


Não quero a espada
Quero o pão.
A espada fere,
O pão sacia a sede.
A espada é poder de morte,
O pão mantém a vida
E é fruto do trabalho.

Que toda espada quando utilizada se torne pão,
Que mate a fome
De todo aquele que se feriu!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A Deus





De nada adiantaria
se eu visse o meu Deus,
se eu nem sei quem ele é.
É na verdade ele impiedoso?
Não ouso dizer isso,
porque minto.

Deus é o que vivo,
a esperança que um dia
pensamos estar perdida,
o cristal brilhante
que não existe
mas sei, está lá.

A esperança de encontrar
a verdade sobre a vida,
sendo Ele a própria verdade
e o caminho para a vida.
E esse caminho parte de nós.
E essa verdade nos rodeia
disfarçada em pétala de rosas
em rocha firme ou pássaro que sobrevoa.
Por vontade própria
é que lhe entrego esses versos
imersos de amor,
do sangue que nos deu.
Toma então esse idílio para ti,
pessoa que me deu as palavras
instrumentos complexos
que mal sei dominar.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Acontecer















Duas serpentes me atacam
e imobilizam
de uma vez
minha mente e coração.
Tenho visões do passado remoto
e de um futuro próximo.

Minha alma se quebra ao meio,
aos poucos.
E esse quebrar parece tão
prazeroso
que eu não
desisto
dessas delícias trágicas,
deixo de ser eu
para me tornar história
ou lenda de alguém
que talvez um dia
existiu.