sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O Poeta e a Praia









Eis que numa tarde morna finda sua jornada
sem que os outros saibam.
Viveu todos os anos,
acompanhou desde então todas as notícias,
era ávido por conhecimentos.
O fim de sua existência tátil
despertou instintos de angústia
nos que o amavam
que não entendiam
mas sabiam que era real.
o poeta então se refez em areia
quando o mar lhe arremeteu à costa
ele aos poucos se refez,
se sentiu leve de qualquer peso,
entendeu a razão da vida
e seguiu caminhando pela praia
sem deixar rastros...
por que era areia
mas não percebia,
mas não importava,
o importante era caminhar e admirar o mar.
Caminhar,
Caminhar,
caminhar e admirar

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Cidade













a cidade em chamas se foi e eu estava de férias
em uma ilha deserta.
de náufrago me tornei habitante temporário
cheguei a tempo de ver o caos silencioso.
a cidade queimada, as pessoas em pó,
em minhas mãos uma semente e uma pá.
cavei bem fundo esperando que a água brotasse da terra
caminhei de volta pra ilha deserta,
missão cumprida,
estava plantada uma nova cidade
mal sabia que lá na cidade construiriam muros
por vontade própria e que mesmo assim sempre existiram
antes de serem construídos e só vieram pra mostrar
que a cegueira dos meus olhos ainda existe