terça-feira, 20 de outubro de 2009

Deslumbramento



Nem sempre o gigantesco é o limite.
A parede pode ser o limite do grito.
A cabeça pode ser o limite do ouvido
e as pedras longe de ser limite... são cobertas pelas ondas suaves e ferozes.

Velozes ponteiros mecânicos me devoram
mas eu sou liquido, me esparramo pelos cantos,
mesmo que sejam os caninos da fera.
A espera devora o silêncio.

O silêncio de instantes eternos corrói a certeza amarela
belo vestido tingido rodado
jogado às traças do guarda-roupas
de uma moça triste que com o tempo retoma o vestido amarelo,
de antes branco amadurecido.
E essa noite de roupa enxuta e mulher madura,
rouba sorrisos espontâneos
e olhares intensos
acende a luz trabalhada e lapidada
obra de arte
rara
e constante na mente de quem a enxerga
mesmo que seja a única vez.