quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Vela

Muda a direção do vento,
desregula as estações do ano,
desvia o curso dos rios,
toca o impalpável,
acende a escuridão,
Alivia a dor.
Mas não consegue dizer a palavra
que acaricia ao coração e ao ouvido
e quando diz
apaga a luz por que já é tarde
e é preciso reduzir tudo
ao pequeno espaço da realidade
e devolver  o sonho
à esfera da eternidade.


quinta-feira, 9 de maio de 2013

Expectativas

Me agarro a expectativas
infundadas.

Me perco na esperança
já derrotada.

Acendo o  brilho dos olhos durante um segundo inteiro
e apago em seguida,
ao perceber o apego
de meus pés ao solo.

Brinco de ser criança nos campos da imaginação,
meu refúgio é proibido.
Não para mim,
que vivo e vejo o sonho real.



quarta-feira, 1 de maio de 2013

As  vezes  o sono é a melhor resposta
pra pergunta que não sara.
Pra ferida que não cala.
Na ilha de mim quero me isolar.
Na nuance mais negra da noite
quero ouvir o silêncio.

Na esquina, os bêbados brigam.
Quero ver o brilho mais tímido da razão.

 Me perco na impessoalidade
de minha pessoa.

Vejo símbolos em formas e gestos,
entalho uma escultura da pedra disforme.

Observo paredes brancas,
reflexo do ser incompleto e incomunicável.

No abismo da abundância de significados
me afogo.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Eu,

Eu,
Espectador do Espectro,
Criador de antíteses,
combino símbolos e frases
em uma ordem desordenada.

Vejo as cores no som do olfato
do sentido que me vem.

Encarcero e liberto sentimentos e momentos
a sangue frio,
gota a gota.
Crio situações que ainda não vivo
e depois julgo profecias.
E me vejo escrevendo minha própria história com suor,
sangue e risos,
sem saber.


plasma

Vejo o evaporar dos dias.
Me sinto sonolento nas noites quentes.
Prevejo o inverno extremo.

Olho mais longe e vejo a solidão de tudo aquilo que existe
na escuridão não revelada,
ardendo para atingir a face visível da lua.

Se a Solidão existe,
não estou sozinho.
Há várias solidões espalhadas pelo cosmos.
E nossa solitude nos torna solidários.
E já não estou mais sozinho.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Asa

Invernos de verão,
verões de inverno.

Vejo a palavra certa na boca
errada.
Vejo a boca certa
sem nexo.
Desvario no variar constante das horas,
desço a colina rumo aos vales.

Contra todas as regras
rasgo o cenário da vida
antes que as areias se tornem pedras.
E voo livre
de volta pra casa.