terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Único



A fôrma que me molda não é perfeita

isso explica por que tantas vezes

usei do sabor amargo pra me livrar dos revezes

dos dissabores da ultima colheita


Essa é a dimensão onde eu posso ser sem ser eu

do outro lado da vida

em suaves prestações dividida

e com juros reduzidos na compra da máscara de semi-deus


Diversas gerações se foram

mas se é um baile à fantasia o momento é meu

mesmo quando minhas razões na bebida escura se diluiram


mas eu ja mergulhei no copo

por mais que eu tente não existem saídas

desisto de vir à tona logo me afogo



segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Pedaços


Retalhos

sobre as pedras

sob as pedras

sobre as casas

havia pedaços por todos os cantos

e por mais que se encontrassem as partes

maior a dúvida

maior a incerteza

_Meu Deus!

era

era

incerteza por todos os cantos



domingo, 7 de dezembro de 2008

O Mistéio



Sem prever o futuro,

O cego trilha seu caminho no escuro

Os passos nunca falham

Pura sorte de principiante

Sempre novas cores,

Novas tonalidades de luzes lhe são negadas,

Adulteradas...

Ou isso significa que adulteraram o mistério?

Se tudo é escuridão não há abismo

O abismo é quando o solo não toca os pés

Nem o teto as mãos

Um inter-valo

Que quanto maior,

Maior a certeza do que vem

Ou maior o engano

Que brota da certeza que acharam ser como deveria

e só revela o erro crasso.


quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A Manhã













Ele sente dores por todo corpo

Mas sente que deve se levantar

Não sabe onde está

Mas precisa se levantar.

É uma manhã de sol

Pela fresta da janela

a luz do dia o convida a passear pelo imenso jardim de flores.

Os pássaros cantam uma canção e dizem que ainda não é tarde

Nunca será tarde demais.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O Poeta e a Praia









Eis que numa tarde morna finda sua jornada
sem que os outros saibam.
Viveu todos os anos,
acompanhou desde então todas as notícias,
era ávido por conhecimentos.
O fim de sua existência tátil
despertou instintos de angústia
nos que o amavam
que não entendiam
mas sabiam que era real.
o poeta então se refez em areia
quando o mar lhe arremeteu à costa
ele aos poucos se refez,
se sentiu leve de qualquer peso,
entendeu a razão da vida
e seguiu caminhando pela praia
sem deixar rastros...
por que era areia
mas não percebia,
mas não importava,
o importante era caminhar e admirar o mar.
Caminhar,
Caminhar,
caminhar e admirar

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Cidade













a cidade em chamas se foi e eu estava de férias
em uma ilha deserta.
de náufrago me tornei habitante temporário
cheguei a tempo de ver o caos silencioso.
a cidade queimada, as pessoas em pó,
em minhas mãos uma semente e uma pá.
cavei bem fundo esperando que a água brotasse da terra
caminhei de volta pra ilha deserta,
missão cumprida,
estava plantada uma nova cidade
mal sabia que lá na cidade construiriam muros
por vontade própria e que mesmo assim sempre existiram
antes de serem construídos e só vieram pra mostrar
que a cegueira dos meus olhos ainda existe

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Procurando pela Paz

Não vou correr para as matas

eu seria devorado

pelas feras.

Nem aos céus ascenderei,

logo não sou santo

nem diabólico.

Não fugirei para ilhas desertas,

nem sorte grande terei.

Estou de peito aberto,

certo de que levarei um tiro

e que sentirei

uma pontada de incerteza

a qualquer instante.

Não me esconderei da luz do sol,

ela não me é fatal.

Plantarei flores sobre cinzas,

transformarei canhões em alto-falantes

que propaguem

a estranha mensagem

por todos os cantos,

para que se possa então

dormir sossegado,

sem ter que acordar.

Sob gritos e choros

de quem não pode

de forma alguma

ser consolado.