sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A águia e o mar



Mar,
Se eu te encontrasse de novo,
Me estenderia às suas margens
Alegre
Pelo intenso otimismo do astro rei,
O sol.

Se as tuas águas atingissem os meus pés
Eu então viajaria
Para um lugar que contivesse
O enigma do céu noturno
E a transparência do dia
Unidos em lua de mel.

Ah, se eu te encontrasse
E tudo fosse igual,
Como nos tempos de outrora!
Quando minh’alma não estava condenada
À prisão perpétua
Na cela
Do amadurecimento.

Ah, que belos eram aqueles
Claros dias!
Em que o meu raro sorriso reluzia.
Que bela essa lembrança
Contida na poesia
E que ninguém consegue apagar.

As garças e gaivotas
Pelo azul ávido
Onde essas e outras
Aves
Abrem
Suas asas.

Asas, eu lembro!
De quando por sobre uma águia
Eu criança naveguei
Pelas águas
Condensadas no céu
Em forma de nuvens.



Ah, ela me mostrou!
Grandes reinos,
Homens e palácios,
Que eu quando fosse homem
Veria
Cair.

Me mostrou os milharais
Que crescem indiferentes
A tudo o que acontece.
Eu vi pessoas que me viam,
Percepções
Insignificantes.

Eu só vi alguns grandes,
Que habitavam a terra.
Eram pequenos homens
Que se faziam grandes
Por receberem o título temporário
De crianças.

Eles foram os únicos
Que me acenaram.
Mas sei que logo se esquecerão,
Assim como eu que tenho breve lembrança
De quando eu era criança
E com essa águia viajava.

Quando meu suspiro eterno eu der
Quero pensar no pacto
Que fiz
Com a águia do mar
E a águia que eu sabia
Logo ia chegar.



 



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